Mulheres que usam o tempo com sabedoria

Um dia ouvi uma senhora idosa dizer:

“Sinto muitas saudades da época que não tinha tempo para nada..."

E melancolicamente começou a contar: “naquela época tinha meu filho caçula com meses, o segundinho estava com 2 anos, pouco mais que um bebê e o mais velho já estava com 6 aninhos.

Acordava, aliás, nem acordava, o filho já me chamava com seu chorinho, estava na hora de mamar, trocar fraldas, já lavava a roupa, preparava o lanche, meu esposo levantava os pequenos.

Orávamos em família para agradecer a noite protegida e pedia que o Senhor me ajudasse durante o dia a realizar todas as tarefas que nunca acabavam.



Ler a Biblia era um desafio a cada dia.

Hora de despedir o papai, choradeiras. Meu esposo beijava cada um de nós e partia para mais um dia árduo de trabalho.

Arrumava as camas, varria a casa enquanto ensinava meus filhos a “ajudarem” a mamãe, trabalho este que demorava mais, tarefa simples, mas em tudo que fazia, não podia desperdiçar o momento de dar aulas: como tirar o pó, como lavar a louça, cozinhar, varrer... enfim, não tinha tempo para sentar confortavelmente ante a TV, era o momento do trabalho, de ensinar, ensinar. Tinha que amamentar, trocar fraldas, brincar com o bebezinho, ensinar os irmãos a não brigarem e sim a brincarem. Caso deixasse na frente da TV, já sabia que a violência fazia parte dos meninos, pois tudo que eles assistem de luta, eles querem “treinar” no irmão. Neste meio tempo, atendia ao telefone minha mãe, amiga, irmãos, a vizinha, ou daqueles que acham que mulher que não trabalha fora, tem muito tempo... então liga para pedir que a gente tome conta de mais uma criança, de mais um recado, etc. esses são dias tranqüilos.

Depois tem os dias que tem que levar ao médico os filhos, o marido que adoece pela sobrecarga, as TPMs, e muito mais. Sempre gostei de esperar meu marido cheirosa, arrumada e um simples, mas, gostoso jantarzinho.

Eramos um casal inteligente, ficávamos sonhando com tudo o que gostaríamos de adquirir para ser mais felizes junto aos filhos.

E o tempo foi passando, quando a gente menos percebeu, estávamos com todas as coisas materiais, os filhos cresceram, então os filhos saírem de casa... E meu esposo partiu prematuramente.

Estou com a “síndrome do ninho vazio”.

Dá saudades, tenho tempo para tudo, sobra tempo, arrumo a casa e no outro dia as coisas estão todas no devido lugar. A máquina de lavar limpa e vazia, os quartos com as camas feitas, não tem papel de bala no chão, o bolo que fiz no dia anterior está intacto na geladeira...

Hoje posso ir ao Shopping todos os dias, ir a academia, assistir filmes, passear, ficar o tempo que quero ao telefone, estudar muito, viajar, ir ao teatro, fazer trabalho voluntário, estou terminando minha quarta graduação...

Nada disto me faz mais feliz do que lembrar, quando tinha meus filhos e meu marido em casa. Somos ricos e felizes quando juntos amamos a Deus, um ao outro e aos nossos filhos.”

Aquela mulher deixou em mim uma marca, um grande ensinamento e concordo com ela.

Que maior herança podemos deixar aos nossos filhos que os ensinamentos e a lembrança de haver tido um lar feliz?

Escrevi isto para lembrar às mãezinhas que estão em casa com seus filhos, marido, que esse é o trabalho MAIS IMPORTANTE de nossas vidas, fazer de nosso lar um pedaço de céu na Terra. Ele exige muita criatividade, amor, paciência, altruísmo, honestidade, inteligência, liderança, firmeza, perseverança, enorme disciplina, bom humor, espírito aventureiro, espiritualidade, determinação, responsabilidade, pureza, dignidade, bom gosto, bondade, mansidão e muito mais.

Deus nos deu depois de cada noite, um novo dia para que possamos olhar para frente com esperança, alegria, otimismo e recomeçar tudo, sabendo que a perfeição não chegará...

Agora que você não tem tempo. Desfrute sua vida com sabedoria. Para que quando tenha tempo e lembrar esta fase seu coraçãoseja cheio de amor e verdadeira felicidade.

Mulher imortal, mulher virtuosa

por Beth Castro